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LISBOA EM VÔO DE PEIXE* | Poesia para crianças
por Joana Bagulho e Nuno Moura
Às 10H00 no Centro Cultural de Paredes de Coura
*Espetáculo exclusivo para estudantes do 1.º ciclo de Paredes de Coura previamente inscrito.

A Beatriz deambula pela cidade de Lisboa

Apanha uma linha do elétrico e em acrobacias e pinotes

atravessa a cidade

Um corvo de Lisboa leva-a até à outra colina

Brinca no cipreste do jardim do Príncipe Real

Encontra a enchente de turistas à beira rio com as suas câmaras e diversões

Depois disso cavalga o peixe volante de Hieronymus Bosch

e entra no mundo de Bosch nas tentações de Santo Antão

Uma árvore entrega-lhe a bola vermelha que a transporta para o mundo da calçada e do azulejo

Entra no mundo do cravo e cai nos braços do grande compositor Scarlatti 

E é na grande festa dos Lisboetas

que um cardume de peixes dirigido pelo Padre António Vieira 

a leva de regresso a casa onde dança com o compositor Daniel e a cravista Joana

Música de Daniel Schvetz; Argumento de Joana Bagulho e de Beatriz Bagulho; Desenhos de Beatriz Bagulho; Cravo por Joana Bagulho; Figurino de Ana Direito; Poesia de Adília Lopes e Nuno Moura.

PARA QUE SERVE A POESIA
Adolfo Luxúria Canibal e Maria Bochicchio à conversa
Às 19H00 no Salão Nobre da Câmara Municipal de Paredes de Coura

A utilidade da poesia é assunto de reflexão e debate. Duas idiossincrasias, dois testemunhos.

 

(...)

por sorte sua o público da poesia

limita-se a julgar que está a ouvir poesia

porque se realmente a ouvisse perceberia então

a desesperada impossibilidade e a inutilidade do seu amor

 

e passaria o dia inteiro a esbofetear-se

queimaria todos os livros na praça

atirava-se ao rio

ou ia acabar os seus tristes dias num convento

 

CONCLUSÃO

A POESIA FAZ MAL

MAS POR SORTE NOSSA

NÃO HAVERÁ NUNCA NINGUÉM DISPOSTO A ACREDITAR NISSO

 

(Nanni Balestrini, Pequeno louvor do público da poesia, Revista Crítica de Ciências Sociais n.º 47, Fevereiro de 1997, tradução de Alberto Pimenta)

Marcel Duchamp, Roda de bicicleta (1951 - após perda da versão de 1913), The Museum of Modern Art, New York

Exibição do filme CONVERSA ACABADA de João Botelho
apresentado por João Botelho
Às 22H00 no Centro Cultural de Paredes de Coura

Quando há 36 anos, num misto de inocência e descaramento, me atrevi a fazer CONVERSA ACABADA, o meu primeiro filme, tive em meu poder, por gentileza da Exma. Sra. D. Henriqueta Madalena Rosa Dias, sobrinha de Fernando Pessoa, por dois meses, objectos pessoais do poeta, de valor incalculável – óculos, cigarreira de prata, boquilha de marfim, canetas, até os cadernos manuscritos de Mário de Sá Carneiro forrados de papel-ferro azul, anotados e emendados por Fernando Pessoa, e sobretudo a célebre Arca, grávida de quilómetros de inéditos. Na presença dessa “Arca Mítica – o mito é o nada que é tudo” – o estúdio da Tobis onde realizei o filme transformou-se num local de culto, uma espécie de igreja, e o acto de filmar em qualquer coisa de sagrado. Com técnicos, artistas e actores maravilhosos edifiquei este filme que agora vão ver, onde tudo arrisquei e onde a correspondência e os textos dos dois génios do modernismo e da língua portuguesa transformaram uma proposta de documentário, uma biografia da amizade entre Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, num terrível melodrama, numa conversa perfeita. O pudor e a distância que os meus actores assumiram, transformaram os fortes e emotivos textos nos verdadeiros protagonistas do filme. Os verdadeiros heróis deste filme são os escritos de Pessoa e Sá-Carneiro, como tinha e deveria ser. O cinema, ver e ouvir. Claridade, emoção, vertigem. (João Botelho)

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