

A leitura encenada de ""HÚMUS"", de herberto helder/Raúl Brandão, que, agora, se apresenta constitui um exercício de ""rereleitura"". Não se pode chegar ao rigorosíssimo palimpsesto de Hélder sem passar pela obra prima ""inquieta e cega"" que é o romance de Brandão. Não se pode lobrigar a funda intenção que lançou Brandão num empreendimento literário tão obscuro e sair com a ridícula confiança de se ter alcançado uma luminosa ""essência do texto"". Não se pode chegar nunca. Se esta ""rereleitura"" pode ser um exercício sobre a inalcansável interpretação (palavra tão falível) da matéria textual em apreço, então saiba o espectador ao que vem: o leitor que se apresenta deixou de fixar uma dramaturgia para HÚMUS e tem vivido com o texto maritalmente, em comunhão de facto. Discutem amiúde, registando-se, por vezes, episódios de violência física, feiinha de se ver. Isto tudo somado dá que não se espere nada do que acontecerá senão que, de facto, acontecerá. Ou talvez se possa esperar, apenas, como numa rigorosamente vaga didascália de Beckett: (luz, casa, cadeira, escuro, pausa longa, palavras). Paulo Campos dos Reis
Húmus
Leitura encenada (a partir de Húmus, de Herberto Helder)
Por MUSGO Produção Cultural, leitura de Paulo Campos dos Reis
21:30 | Casa Grande - Largo Hintze Ribeiro